(ENGLISH) (NEDERLANDS)

O terraço da piscina está tão molhado de manhã que parece ter chovido ontem à noite. E não o fez. Agora o sol nasceu, brilhando no céu azul e aquecendo tudo. Vêem-se os campos a deitar vapor. Quando estou a aquecer ao sol e a absorver o meu ambiente, quase sempre penso nas palavras de Lilian Ducelle, que ela poderia proferir com um tom reprovador. “A Holanda e o seu sol de lata!” No redacção da Moesson, a revista que ela co-fundou e onde eu trabalhava na altura, estávamos todos felizes por finalmente o sol brilhar a meio do Inverno e depois Lilian diria isso. E sim, é absolutamente verdade. O sol na Holanda não aquece no Inverno e aqui em Portugal sim.
Espero sempre que o terraço esteja seco durante a tarde porque quero tanto ensinar lá fora. Todo o grupo anseia por estar junto e por treinar a nossa consciência. Mas a humidade é tão elevada que se verifica o oposto. Está ensopada, mesmo na parte mais quente do dia. Por isso, apenas exerço a minha consciência durante todo o dia. Quando penso nisto. E normalmente penso nisso quando sinto alguma coisa. Desconforto, tristeza, prazer, surpresa. Resumindo, quando sinto uma emoção, de repente estou consciente de algo.
Isto também aconteceu quando andei até ao bunker debaixo da piscina para colocar uma carga de roupa suja na máquina de lavar. Não, o bunker não é um esconderijo para a guerra, é a casa de máquinas da piscina, debaixo do solo e suficientemente espaçosa para servir de bunker. Para lá chegar, passo por algumas oliveiras centenárias enormes. Felizmente, olho sempre para onde estou a caminhar, caso contrário poderia tê-lo achatado. Este cogumelo. Mais tarde, vejo que, mais adiante no olival, muitos mais destes arrumadores brotaram do solo.
Até agora aprendi que na natureza nada é deixado ao acaso e que tudo, desde minerais e flora até à fauna, desempenha um papel na manutenção do paraíso terrestre. Não é necessário nenhum humano para isto. Se não houvesse cogumelos, por exemplo, não haveria natureza. Os cogumelos têm corpos em forma de fio subterrâneos com os quais se ligam uns aos outros e às árvores e plantas. Eles trabalham em conjunto. Alimentam-se uns aos outros. Eles mantêm-se uns aos outros. Elas reforçam-se mutuamente. Eles mantêm-se saudáveis uns aos outros e permitem que um ao outro floresçam. Como é que nós, humanos, fazemos isso? Porque também nós somos a natureza. Temos todas as propriedades dos reinos mineral, vegetal e animal dentro de nós.
De acordo com Rudolf Steiner, a raça humana é a soma dos reinos mineral, vegetal e animal. Acrescenta então que nós, humanos, alcançámos a nossa evolução graças a estes reinos. Noblesse oblige! Por conseguinte, na minha opinião, a humanidade está em dívida com os animais, a flora e toda a Mãe Terra. Este endividamento torna-se automaticamente um desejo. Para aquele que atingiu a consciência graças a estes reinos, tem automaticamente este desejo de contribuir para o desenvolvimento dos outros, de fazer o bem e de manter os outros reinos.
Assim, o ser humano consciente desenvolve a compaixão por tudo o que vive no cosmos. E, com compaixão, surge também a ligação invisível entre nós, humanos. É assim que nos nutrimos uns aos outros, nos sustentamos e nos fortalecemos uns aos outros. Mantemo-nos saudáveis uns aos outros e deixamo-nos florescer uns aos outros.
Pingback: Onzichtbare verbanden | Liesbeth Steur
Grata querida Liesbeth pela tua reflexão!
Estou cheia de vontade de estar contigo nesse espaço maravilhoso, onde as nossas práticas de yoga são uma benção 🙏🥰❤️
Beijinhos
GostarGostar