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Seguir o teu coração é o comando mais ouvido do nosso tempo. É o que deve ser. Seguir o teu coração. 

A questão é: como é que sabes o que o teu coração quer? 

É um conselho maravilhoso e como seria bom se todos pudessem simplesmente seguir o coração, ao longo da vida.  

A condição é que tenha um excelente contacto com o teu coração que não seja toldado pelo que se está a passar na tua cabeça. Caso contrário, também pode simplesmente inventar que o teu coração quer alguma coisa e talvez nem sequer sejas capaz de distinguir entre o sentimento no teu coração e os teus pensamentos inconscientes pelos quais te permites ser guiado. 

Na maioria dos casos, pensamos saber o que o nosso coração quer. Os pensamentos que borbulham do subconsciente dirigem toda a nossa vida e baseiam-se nas nossas próprias crenças, padrões, hábitos. Dificilmente poderia ser de outra forma na nossa sociedade mental onde temos de obedecer a todo o tipo de padrões de comportamento que nada têm a ver com o mais natural: contacto interior com o nosso coração. E já sabes que o que é martelado é difícil de desaprender. 

Suponha que seguir o teu coração significa dever fazer uma volta ao mundo. Deixando tudo para trás. Todas as tuas certezas. Quando financeiramente possível, tal viagem é um passatempo divertido e por vezes educativo. 

Suponha que tem de trabalhar na fábrica para alimentar a tua família. Na verdade, vive na pobreza e tem este mesmo desejo. Também quer viajar. Uma pessoa assim não tem muitas vezes essa escolha. Então, como deve essa pessoa seguir o seu coração?

Quando segue o teu coração, ouve-o, está completamente livre, qualquer que seja a situação em que se encontre. Uma viagem não te dá essa liberdade, a ligação interior com o teu coração, sim. O amor-próprio é o resultado dessa ligação e quando o amor-próprio é um facto, não há mais resistência à realidade a qualquer nível. Essa é a verdadeira liberdade.

O amor-próprio pode ser aprendido. O importante a lembrar é que aprender algo novo não vem naturalmente, tal como não se pode aprender uma nova língua num workshop de três horas ou colocando um livro de línguas debaixo da almofada e depois ir dormir.

O teu coração só quer realmente uma coisa: quer que fiques contigo próprio. Esse é o único lugar em todo o universo onde tem terreno sólido debaixo dos teus pés e onde se sabe o que é bom para ti. 

Kabir, um místico e poeta indiano do século XV, escreveu um belo poema sobre isto:

A que costa desejas atravessar, meu coração?

Não há nenhum viajante à tua frente, não há estrada.

Sê forte e entrega-te ao teu próprio corpo, pois aí o teu pé encontrará terreno sólido.

Percebe bem isso, meu coração, não vás a nenhum outro lugar. 

(Kabir 20)

Ser forte para ficar contigo mesmo é uma característica necessária neste mundo cheio de distracções exteriores. E é claro que é maravilhoso viajar e ter aventuras, mas as maiores descobertas são feitas dentro de ti mesmo. Através do treino interior, através do yoga, estar quieto, sentar-se quieto e observar e acolher a natureza. 

Follow your heart!

Follow your heart is the most heard command of our time. It is a must. Follow your heart. 

The question is: how do you know what your heart wants? 

It’s wonderful advice and how nice it would be if everyone could just follow their heart, all their lives.  

The condition is that you have an excellent contact with your heart that is not clouded by what is going on in your head. Otherwise, you can also just make up that your heart wants something and you may not even be able to distinguish between the feeling in your heart and your unconscious thoughts by whom you allow yourself to be guided. 

In most cases, we think we know what our heart wants. Thoughts that bubble up from the subconscious mind direct our whole life and are based on our own beliefs, patterns, habits. It could hardly be otherwise in our mental society where we have to comply with all kinds of behavioural patterns that have nothing to do with inner contact with our heart. And you know, what is hammered in is hard to unlearn. 

Suppose following your heart means having to take a world tour. Away, leaving everything behind. All your certainties. When financially possible, such a trip is a fun and sometimes educational pastime. 

Suppose you have to work in the factory to feed your family. Actually, you live in poverty and you have this same desire. You also want to travel. Such a person often does not have that choice. So how then should that person follow their heart?

When you follow your heart, listen to it, you are completely free, whatever the situation you are in. A journey does not give you that freedom, the inner connection with your heart does. Self-love is the consequence of that connection and when self-love is a fact, there is no more resistance to reality at any level. That is true freedom.

Self-love can be learned. The important thing to remember is that learning something new doesn’t come naturally, just as you can’t learn a new language in a three-hour workshop or by putting a language book under your pillow and then going to sleep.

Your heart really only wants one thing: it wants you to stay with yourself. That is the only place in the entire universe where you have solid ground under your feet and where it knows what is good for you. 

Kabir, an Indian mystic and poet of the 15th century, wrote a beautiful poem about this:

To which shore do you wish to cross, my heart?

There is no traveller ahead of you, there is no road.

Be strong and turn in to your own body, for there your foot will find solid ground.

Realise that well, my heart, do not go to any other place. 

(Kabir 20)

Being strong to stay with yourself is a necessary trait in this world full of distractions. And of course it is wonderful to travel and have adventures, but the greatest discoveries are made within yourself. Through inner training, through yoga, being still, sitting still and observing and taking in nature.